quinta-feira, 13 de novembro de 2014



Mais difícil do que deixar pra depois,
é saber que não se pode mais adiar.
Sou a única culpada da realidade.
Fiz o que tinha que fazer, me entreguei ao incerto e agora sofrerei as consequências.

Novamente o silêncio, meu amigo presente de todas as noites,
Dessa vez ele me traz o nó na garganta, lágrimas nos olhos e um toque de arrependimento no ar.
Sinto que se pudesse voltar ao passado, cometeria a mesma tolice.
Conheço-me.

Não sou capaz de trocar o prazer de desvendar o incógnito,
mesmo sabendo que o efeito colateral será lamentável.
Mas lamentável mesmo é a situação em que me encontro,
agoniante perceber que não sou capaz nem de findar meu próprio relacionamento.

Ah se ele soubesse! Seria o primeiro a querer encerrar com tudo.
Como é lastimável a inocência do próximo.
Mas lastimável mesmo sou eu, que deixo essa inocência existir.

Triste é se sentir suja, desalento maior ainda é ser suja com alguém que lhe jura amor.
Amor? É.
Estou desafiando o destino, arremessando o amor no lixo.
Mais difícil do que deixar pra depois, é tentar entender que não existe depois sem você.

Sim, é clichê.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014


Rima inalterada

Silêncio rima com dor
Dor rima com frio
Frio rima comigo
E eu meu caro, não rimo com nada.

Incrível a quantidade de sentimentos que posso sentir agora.
Entre a paixão e a traição, existem sensações que se anulam.

Eu e você, o real e o abstrato, o sutil e o intenso.
Será que existe mesmo eu e você?
Sensatez de quem desistir desse delírio primeiro.
Euforia de quem se sair inteiro dessa aventura.

Jamais houve a intenção de total envolvimento.
Enquanto você afirma que a culpa é somente minha
Eu lhe digo: até nisso estamos intimamente envolvidos.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Paradoxo Efêmero

Voz grave, aveludada.
Pele áspera, sedutora.
Mãos ágeis, mansas.
Boca molhada, de sangue.

Olhar profundo, vazio.
Expressão rígida, solitária.
Temperatura cálida, distante.
Sorriso bonito, sem graça. 

Mas quem se importa?
A efemeridade dos nossos encontros,
Está no fato de não saber se haverá o próximo.

Vazio no peito, medo de me entregar.
Temor em me perder, pavor em me encontrar em você.
Algo que começou errado, e ainda perdura no erro.
Sentimos prazer no imperfeito.

Sem homenagem, nada de poema,
música ou caricatura.
Para você apenas isto aqui,
Meu paradoxo efêmero.